Rodrigo Augusto de Pádua, que acabou morto durante o ataque à Ana Hickmann, mantinha uma conta no Instagram com posts dedicados à apresentadora, que ele alegava amar incondicionalmente. Para sua própria família, porém, a tentativa de assassinato foi um choque.
Em entrevista, pessoas próximas a ele
disseram que Pádua era um rapaz tranquilo, carinhoso e sem anomalias
comportamentais. A descrição dá conta de apontar a complexidade
envolvida em práticas obsessivas, nem sempre fáceis de identificar por parte de amigos e familiares.
O fã de Ana era, na verdade, um stalker. De acordo com um estudo divulgado pelo Centers for Disease Control & Prevention, dos Estados Unidos, cerca de 7,5 milhões de pessoas são vítimas de stalking no país em apenas um ano. Do total, 61% são do sexo feminino e já foram perseguidas por um parceiro íntimo atual ou anterior.
Segundo o professor de psicologia Breno Rosostolato explica em artigo
científico sobre o assunto, hoje a violência é alarmante e não se
restringe ao patrimônio ou à integridade da vítima, mas principalmente
aos alicerces psicológicos e emocionais, cujo comprometimento pode ser irreparável.
Muitas vezes, o fato de o stalker se
sentir frustrado com seu objeto de obsessão abre margem para a
violência. Por isso, é importante saber detectar alguns sinais da perseguição
para reagir. Segundo a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima de
Stalking (APAV), enviar cartas, e-mails e bilhetes ou fazer telefonemas
recorrentes são alguns indícios.
Também é comum que o indivíduo tente aproximações físicas e passe a
frequentar os mesmos locais que a sua vítima. Vale lembrar ainda que nem
sempre são desconhecidos que praticam o stalking: o comportamento é
comum entre ex-namorados que não superaram o término e insistem em manter o controle da vida do outro.
Como reagir à violência virtual
Quando ocorre na internet, a prática recebe o nome de cyberstalking,
o que reforça a necessidade de atenção com o comportamento virtual e o
tipo de informação compartilhada. Afinal, o stalker costuma recolher
dados sobre a vítima a partir das redes sociais – que permitem que ele
se sinta próximo.
Para a vítima, os desdobramentos
podem ser severos. Segundo a APAV, a tentativa de assassinato, como
ocorreu com Ana Hickmann, ocorre em menos de 2% dos casos de assédio contínuo. Ainda assim, podem haver agravantes emocionais e psicológicos.
Sentimentos de frustração, culpa, vergonha, insegurança e irritabilidade
são comuns para quem foi perseguido dessa maneira. O quadro emocional
pode acarretar em problemas gastrointestinais, perda de interesse em
atividades corriqueiras, dificuldades no ato sexual, distúrbios do sono,
fobias, ansiedade, isolamento, ataques de pânico e depressão.
De acordo com indicações da APAV, a melhor alternativa é lidar ativamente com a situação: solicitar a ajuda de familiares, de amigos ou mesmo das autoridades policiais e evitar qualquer contato com o autor do assédio. Se você conhece alguém que sofreu com o problema, também é importante lembrar a pessoa de que ela não é culpada.
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Fonte: http://doutissima.com.br/2016/05/23/caso-ana-hickmann-estimula-debate-sobre-stalking-e-violencia-14829635/
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